Ah a guerra ...
- Victor Hugo Ramallo
- 27 de set. de 2016
- 3 min de leitura

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; (Mateus 5.9)
Tenho visto nos últimos meses muitas pessoas defendendo a guerra ou exaltando a guerra.
Isso é curioso.
Boa parte deles sequer teve treinamento militar e não creio que mais 01% deles possa ter participado de algum combate. Penso que o mais perto de uma guerra que eles chegaram foi assistindo algum filme sobre o tema ou jogando Call of Duty. O que eles sabem sobre a guerra e suas consequências?
É claro que as pessoas têm o total direito de defenderem o que acham correto, e não estou aqui para defender o cerceamento de tal direito, mas queria refletir um pouco sobre vítimas da guerra.
Você pode perguntar: “Mas você participou de alguma guerra? Ou ajudou vítimas de guerra?”
Não, eu apenas fiz o ano de serviço militar obrigatório, servi no 2º Grupo de Artilharia Antiaérea, e isso não me qualifica para sequer pensar como um veterano de guerra ou algo que o valha.
Escrevo como neto de um homem que foi a uma guerra e na qual além de participar dos seus horrores ainda caiu prisioneiro. Meu avô lutou quando muito jovem na guerra entre Bolívia e Paraguai. Uma guerra de duas nações pobres que, segundo alguns, foi orquestrada por potências mundiais interessadas em explorar recursos naturais da região.
Meu avô, Samuel Rocha Dias, já faleceu. Não convivi muito com ele, minha mãe se casou e veio para o Brasil e eu o vi apenas nas férias da família e pelo que me contou minha mãe.
Amo meu avô (sim verbo no presente pois mesmo ele morto ainda amo o que ele representou e representa para minha família), mas fico extremamente triste por coisas que ele viveu. Na guerra os induziram ao consumo de álcool, e nisso ele ficou viciado. Ele voltou da guerra mas a guerra nunca saiu dele.
Ele foi trabalhador (trabalhou na extração mineral e muitas outras coisas), mas com o passar dos anos as memórias da guerra o consumiam. Ele cada vez mais foi consumido pelo álcool e isso foi destruindo a vida dele.
Me recordo, com tristeza, que as vezes ele acordava de madrugada achando que ainda estava em combate e gritava ou saia pelo terraço da casa com a escopeta de caça dele. O sofrimento dele era cada vez maior. Era um avô fantástico, ria e brincava comigo e com minha irmã e era carinhoso conosco, mas os horrores da guerra dominavam seu sono e muitos dos seus momentos acordado.
Ter visto como ele viveu e sofreu, e como um homem forte como ele foi destruído por uma guerra que não tinha nada a ver com ele me fez ter aversão a ideia de guerra.
Não me considero um covarde, sei até lutar com facas e ainda lembro como se usa uma pistola e um fuzil. Conheço um pouco (bem pouco) de estratégia e táticas militares, li livros sobre o assunto. Não me recuso a defender os que amo e aquilo que creio, mas me considero um pacifista. Um defensor de que a guerra nunca pode ser vista como uma solução e se ela ocorre devemos agir para que ela termine o mais rápido possível.
Na medida que fui conhecendo mais e mais o Evangelho, após o SENHOR me converter de meus maus caminhos, se fortaleceu em minha mente e coração a convicção pacifista. Ainda luto com meu espírito belicoso, sou de temperamento forte e tendo a ser obstinado, minha natureza muitas vezes quer recorrer a soluções drásticas e não poucas vezes me veio à mente a tentação de ceder a soluções mais agressivas, como escreveu Paulo “mas o mal que não quero esse faço” (Romanos 7.19), mas louvo o SENHOR pelo Seu Espírito que me controla e por Ele ter colocado junto a mim servos Seus que me exortam e me orientam e me reconduzem a um caminho de paz.
Sou contra a guerra? Sempre!
Lutarei contra ela? Sempre, mas de forma pacífica.
Isso dá resultado?
O resultado é não ser vencido por ela e mostrar aos demais homens e mulheres que há um caminho mais excelente ... o caminho do amor que vem do SENHOR.
Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.
I João 5.2
“Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Mat 22:36 a 40)
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