Engessado? Não! Fossilizado!
- Victor Hugo Ramallo
- 11 de dez. de 2016
- 3 min de leitura

"Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo." (Gálatas 1: 10)
Uma das experiências mais frustrantes para aquele que usa seu tempo em evangelizar ou implantar igrejas-locais e ver como facilmente os homens idolatram estruturas ou instituições. Muitos confundem o crescimento da Igreja com a formação de uma “estrutura respeitável ante a sociedade”. Muitos pensam que um prédio belo, amplo e funcional, uma organização quase empresarial são sinais de que o SENHOR tem abençoada esta ou aquela obra.
Outro dia eu estava preparando um material para o IDOP (International Day of Prayer for the Persecuted Church) e li que em determinado país onde há perseguição a maior igreja local tem 5 (cinco) membros! Ao comentar sobre isso com meu filho (Aslam) ele afirmou: “Essa é uma igreja muito forte! ”
De fato, ela é! Com 5 membros não há como ter uma estrutura ou departamentos, acampamentos, passeios, cultos temáticos estão totalmente fora de questão.
Como ela sobrevive?
É claro que é pela Graça do SENHOR, mas fica claro que todo o resto (a estrutura e até a organização denominacional) não é necessária para que uma igreja-local seja viva e forte o suficiente para suportar perseguições intensas.
Quando começamos a olhar para a igreja-local e vemos a “necessidade” de estrutura física com mais frequência que a real necessidade de ensino da Palavra, discipulado eficaz (não aquela aulinha de uma vez por semana), comunhão com o SENHOR e com Seu povo e uma vida de intercessão estamos matando aquela igreja-local.
O “gesso” que passamos nela para cobrir o que supomos serem deficiências ou para melhorar sua aparência não apenas impede sua mobilidade, ela a mata, a fossiliza.
O gesso impede que ela respire. Substitui a verdadeira aparência (ora o que é real e humano tem imperfeições e são elas que atestam sua realidade e vida!) por uma que seja estética ou socialmente aceitável.
Olhamos para o que fazemos e tolamente passamos a crer que nossos “retoques” melhoram a criação do Senhor JESUS. Que arrogância! Que tolice! Que tristeza!
Aos poucos toda a beleza da vida que era presente é substituída por regras humanas, procedimentos, estatutos e regimentos internos.
Tentamos nos convencer com planilhas e apresentações em PowerPoint que agora somos mais produtivos e isso é uma eficaz mordomia. Pautamos nossos alvos não mais pelo que o SENHOR diz na Sua Palavra e nos guia quando submissos oramos pedindo que nos mostre Sua vontade, mas por projeções e metas para o próximo quinquênio.
Vejo igrejas-locais com grandes dizeres nas paredes de seus templos (reais e virtuais). São frases que contém sua Missão, Visão e Propósito.
Eles olham tais palavras e se sentem satisfeitos com terem escrito as mesmas.
Não foi para isso que o Senhor JESUS fundou a Igreja. Foi para que vivêssemos Sua Vontade, guiados pelo Espírito Santo tendo como parâmetro Sua Palavra. Mas tal qual Israel no tempo do profeta Samuel gritamos que queremos um rei por que as nações em redor têm reis.
Quantas vezes, nesses meus anos de servo em igrejas-locais de periferia ouvi da boca de pessoas que chegaram destroçadas a tais comunidades cristãs pedidos de ajuda e depois de um tempo elas, já restauradas pelo SENHOR, dizerem: “Olha eu vou embora pois a estrutura daqui não é o que eu preciso! ”
E vão embora.
Estruturas não são em si nocivas. É a nossa idolatria por elas que mata a capacidade de sermos sensíveis ao Espírito Santo. A necessidade de títulos, pompa, normas, humano poder, aparência e satisfação pessoal por “termos feito algo” que nos leva a arrogância, a futilidade, ao legalismo, a tirania, a vaidade e a não dependência do SENHOR.
Deixar a simplicidade e pureza do Evangelho pela aparência e complexidade das estruturas pode encher locais de reunião e contas bancárias pode gerar um reconhecimento de uma sociedade não-cristã mas vai trazer a mente e ao espírito humano uma dormência e surdez à voz do Espírito Santo.
Já escrevi outras vezes e torno a escrever: Não precisamos de igrejas com propósito, precisamos de pessoas que tenham um compromisso com o Senhor JESUS
Fraterno amplexo.
Victor Hugo Ramallo,
pastor em IB Missão Vida
e Coord. Geral do Projeto de Apoio à Igreja (PAI-Bolívia)
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