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A espada, uma questão a ser tratada

Vou entrar num assunto “espinhoso”. Sei disso, mas entendo que posto que sirvo ao SENHOR como pastor, devo apresentar um ponto de vista.


Do que estou tratando?


Da questão sobre o armamentismo.


Vamos tentar analisar o assunto com calma e de modo lógico e mais que tudo sinceramente bíblico.


O primeiro ponto a ser definido é saber diferenciar entre: poder e dever.


Isso me faz pensar neste trecho da Palavra:


Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. (I Coríntios 6.12)

Sim, é verdade que o texto se aplica a questão de vontades, desejos e pecados. E é igualmente verdade que ele não se aplica diretamente a questões como violência, defesa (pessoal ou de outrem) ou armamentismo.


Contudo, ele se aplica a usar do bom senso para nossas decisões e não decidir apenas com base em “quero e não quero”. Entendo que esse versículo é extremamente útil para o tema em questão.


Há questões em nossas vidas onde não encontraremos uma resposta clara e objetiva nas Escrituras Sagradas. Por exemplo: Qual a carreira que devo seguir? Em que bairro devo morar? Quantos filhos deve ter?


Nesses casos temos que usar o bom senso, avaliar os motivos, as possíveis consequências, como atendar a cada uma delas e por aí vai.


Por exemplo, posso querer ter 15 filhos e até posso tentar ter todos eles. Mas a minha esposa quer engravidar 15 vezes? Tenho noção da complexidade de cuidar de 15 bebês? Terei condições de cuidar e educar corretamente os 15 filhos? Minha maturidade está a altura desse desafio?


Posso apresentar mais uma enorme quantidade perguntas sobre a questão.

Na Palavra de DEUS não há uma resposta direta a essa questão, portanto deveremos pedir ao SENHOR sabedoria e agir de modo sábio.


Acho que esta exposição ajuda a entender que eu até posso querer algo, mas há uma distância enorme entre poder fazer algo e dever fazer esse algo.


Bom, e quanto a questão armamentista?


Na verdade, a imensa maioria dos argumentos pró-armamentismo que me foram apresentados são veterotestamentários.


Qual o problema disso?


A nossa, me refiro a Igreja, compreensão teológica deve ser pelo prisma neotestamentário, por isso os textos do Antigo Testamento devem ser analisados sob a ótica do advento do ministério do Senhor JESUS e do ensino do Seu Evangelho.


Um dos erros mais comuns no argumento armamentista é entender as orientações dadas a uma nação específica (um reino e um rei) são válidas para a Igreja. Devemos entender que depois da 1ª vinda do Senhor JESUS não há mais uma nação (no sentido geopolítico) que possa se identificar como Nação Eleita. Assim sendo, as orientações militares que foram dadas a Israel no Antigo Testamento não podem ser aplicadas literalmente a nós, Igreja do Senhor JESUS, nos dias atuais. Nós as temos como princípios que são compreendidos sob a luz do Novo Testamento.


Outra parte, bem menor, de argumentos apresentados nos mostra grupos considerados como cristãos que usaram de armas. Os principais são: cruzados papistas, alguns dos reformados e puritanos.


Quanto aos cruzados papistas, como cristão-batista, deixo bem claro que não os considero como exemplo. A “reconquista de Jerusalém” foi um projeto político e a defesa da Europa da invasão árabe foi uma guerra por dominação. Ambos casos não podem ser considerados como algo orientado por DEUS e supor que “se não fossem eles, nós seríamos muçulmanos” é supor que o SENHOR não teria condições de preservar Sua Igreja e isso é ir contra a Palavra de DEUS.


Quanto ao uso de armas e promoção de guerras por alguns reformados é a mesma questão e inclusive alguns líderes (não todos) reformados demonstram o mesmo empenho em ter um controle do Estado (uma errada aplicação do conceito de cosmovisão). Não se impõe a fé cristã pelas armas. Lembremos que alguns desses mesmos líderes reformados aprisionaram, torturaram e assassinaram os cristãos que eles chamavam de anabatistas por que estes não se submeterem a tais líderes reformados. O uso de armas e da força militar pelos irmãos líderes reformados não é um modelo a ser seguido, mas a ser evitado.


E sobre os irmãos puritanos? Muitas gravuras usadas nos argumentos armamentistas mostram puritanos carregando seus “bacamartes” indo para o culto, e os que usam tais argumentos dizem que tal comportamento seria o correto.


Bom, vamos lá ...


Os puritanos no século XVI e XVII viviam em locais ermos e deveriam andar longas distâncias por florestas onde haviam animais predadores, nativos inimigos e também salteadores e, além disso muitas vezes, eles caçavam seu alimento (perus selvagens e outros animais). Esse é o nosso contexto?


Alguns dirão que hoje existem assaltantes e criminosos que podem nos atacar no caminho para o culto (ou no retorno deste). Bom, isso é possível. Não nego, mas em quase 40 anos como cristão, congregando em locais distante e até mesmo indo pregar em locais ermos como missionário o SENHOR tem me protegido. Apenas me recordo uma vez que num povoado remoto alguns católicos tentaram nos intimidas (a mim e a meu filho), mas não precisei ferir ninguém, apesar que por minha falta de fé, para minha vergonha, recorri a mostrar meu tamanho e força para intimidá-los ao invés de anunciar o Evangelho.


Os três argumentos apresentados não se mostram válidos para sustentar o uso de armas.

Mas, no Novo Testamenta há uma proibição ou uma permissão.


Eu diria que há uma concessão da parte do Senhor JESUS, mas Ele manda guardar a espada e explica as consequências de viver pela espada.


Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. (Mateus 26.52)

Mas é pecado ter o porte de armas?


Entendo que não.


Assim como não é pecado não ter tal porte.


O pecado é achar que devo ter porte, assim como é pecado achar ser pecaminoso se recusar a ter tal porte.


Você entende que deve ter uma arma de fogo em teu lar? Você orou? Concluiu que desse modo glorifica o SENHOR e dá bom testemunho? Então fique em paz.


Sei usar armas de fogo, servi no Exército e acho algumas armas muito bonitas. Em especial acho belas as armas brancas (facas e espadas) e tenho uma faca militar. Mas, por convicção de fé sou pacifista e não tenho porte de armas de fogo e não pretendo ter.


Condeno quem tem?


Não.


Considero errado ter?


Sim, por isso não tenho, mas se alguém orou ao SENHOR e está em paz com DEUS sobre tal tema então não tenho o que opinar sobre sua opção.


Sou a favor da proibição do porte de arma?


Não, mas espero que os critérios sejam os mais rígidos possíveis e a fiscalização seja igualmente severa.


Desejo que este texto ajude as pessoas a refletirem sobre essa questão.


Um fraterno amplexo


um pastor batista conservador


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