A suficiência da Bíblia
- Victor Hugo Ramallo
- 9 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade. (II Pedro 1.12)

Esta manhã li um texto que equiparava as Confissões de Fé a constituição de um país e que uma igreja sem confissão seria como um “país sem constituição”.
Esse tipo de compreensão tem crescido nos últimos tempos. Alguns chegam a defender que se os cristãos (ou suas congregações) não subscreverem uma confissão de fé correm o risco de não terem coerência, unidade, estabilidade, fidelidade ou disciplina. Outros afirmam que o estudo da Palavra de DEUS sem assumir uma confissão (claro que não é uma a tua escolha livre, mas alguma em específico e normalmente são as confissões calvinistas) não poderá conduzir a uma vida cristã madura.
Tento entender as motivações deles.
Suponho que tal preocupação surgiu em decorrência com a profusão de heresias ensinadas nas congregações cristãs por todo o planeta e em especial naquelas que abraçaram o que é conhecido como neo-pentecostalismo ou “visão apostólica” (NOTA: Qualquer um que se apresente atualmente como “apóstolo” é um disseminador de heresias e não pode ser considerado como cristão).
Sim, os ensinos distintivos desses segmentos são heréticos e devem ser rejeitados pelas comunidades cristãs. Nesse ponto não há dúvidas.
Contudo, temos que tomar cuidado com as afirmações sobre as Confissões de Fé.
Uma Confissão de Fé é um documento elaborado por pessoas que reúnem suas percepções e compreensões sobre a Fé Cristã e as organizam em um documento. Tal documento apenas expressa o modo de pensar e entender a Fé Cristã de um grupo de pessoas que estão limitadas por suas capacidades, seu momento histórico e sua influência cultural e geográfica.
Uma Confissão de Fé não pode ser considerada divinamente inspirada ou inerrante. Ela é somente isso: um documento composto por pessoas. A Confissão de Fé não é parte da Palavra de DEUS, é a opinião dos homens sobre a Palavra de DEUS, algo como os livros conhecidos como “Teologias Sistemáticas”.
Algumas Teologias Sistemáticas até que são interessantes, mas seguramente possuem erros e quanto maiores e mais ricos em detalhes maior a quantidade de pontos questionáveis e maior a possibilidade de que os erros sejam presentes.
Isso acontece com toda obra produzida por seres humanos. O mesmo acontece com as Confissões de Fé.
Não se está analisando a piedade, devoção ou erudição de seus autores. Muito menos seu caráter ou compromisso com o SENHOR, apenas afirmando o óbvio. As Confissões de Fé não são a Palavra de DEUS e seus autores não são divinamente inspirados.
Devemos estudar as Confissões de Fé? Sim, é claro isso nos permite analisar as Doutrinas Cristãs e ajuda a entender como as pessoas pensaram e pensam sobre tal tema.
Podemos subscrever uma Confissão de Fé? Sim, podemos e isso é até bom.
Podemos vê-las como parâmetros para a Fé? Não. O único parâmetro real é a Palavra de DEUS e devo ser cônscio que sou responsável pela compreensão e aplicação dela em nossa vida. Uma Confissão de Fé serve como instrumento para expressar o que creio não para definir o que creio.
Nessa “onda” de valorização das Confissões de Fé há um risco que alguns passem a considerar mais importante subscrever uma delas do que conhecer, obedecer, ensinar e viver a Palavra de DEUS.
E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que ilumina em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: Que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo. (II Pedro 2.19 a 21)
Pensemos nisso,
Um fraterno amplexo
Victor Hugo Ramallo,
pastor batista
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