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Eu sou o principal

Atualizado: 5 de jan. de 2021


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Não, este texto não visa exaltar alguém e muito menos a mim mesmo (me conheço muito bem e de modo bem realista). Nele vou tratar de


uma forma de agir que tem se tornado popular nos dias de hoje e já chegou aos arraiais evangélicos. Me refiro ao “cancelamento” ou, se o chamarmos pelo “nome” verdadeiro que é “assassinato de reputações”.


Parece que uma parte das pessoas fica como em um profundo êxtase ao perceber que alguém incorreu em um pecado. Observe como algumas pessoas vão às ruas e gritam condenando aqueles que cometeram crimes hediondos. Não falo de familiares ou amigos das vítimas, mas de como eventualmente multidões se aglomeram para gritar “assassino”, contudo não conhecem nem o agressor e nem a vítima. Tais ações por diversas vezes já acarretaram linchamentos públicos e a destruição de pessoas e famílias e depois foi descoberto que eles eram inocentes.


Tais ações são um retorno à barbárie, aos tempos em que as pessoas acreditavam que era seu direito pleno tomar em suas próprias mãos as ações punitivas e, sem as devidas tratativas de investigação e análise, agiam como se isso fosse a aplicação da justiça. Isso é o oposto de uma sociedade civilizada.


Hoje, em tempos de redes sociais e mundo virtual, a prática do “cancelamento” tem se alastrado tal qual uma pandemia. Basta alguém agir e se expressar contra o que um determinado grupo pensa ser o correto que se inicia uma “campanha de cancelamento”. As pessoas atacam o “alvo” (chamar assim torna-se necessário no processo de cancelamento, pois não é outro ser humano, é apenas um alvo) sem piedade, o agridem verbalmente, o difamam, expõe e amplificam seus erros e sem nenhum pudor aceitam as mais diferentes calúnias e não se preocupam em verificar a veracidade delas.


Tal prática pode ter começado em um determinado segmento sócio-ideológico, mas, tal qual um vírus, se alastrou por toda a sociedade e hoje vemos “cancelamentos” para todos os lados. Um artista não está seguindo o modo de pensar dominante? Simples, apliquem nele um cancelamento! Uma empresa está apoiando uma ideologia ou metodologia que discordamos? Cancelem-na!


Há pouco menos de um ano Ravi Zacharias faleceu. Conheci seus livros muito antes disso e os aprecio muito. Já nos tempos de redes sociais tive acesso a alguns vídeos de palestras dele e me foram (e ainda são) muito úteis. Posso dizer que aprecio seu trabalho apologético e teológico.


Bom, meses depois de sua morte surgiram acusações sobre ele ter tido um comportamento incompatível com a fé e ética cristã. Isso foi um choque aos que apreciam o trabalho dele e seguramente para a família, conhecidos e colaboradores. As acusações têm base real? De fato, não sei. Se tais bases existirem deve ser feito o público reconhecimento e, sendo possível, o justo ressarcimento às vítimas. Não estou eximindo o homem Ravi Zacharias das consequências de seus atos sobre seu legado ou patrimônio.


Mas, fui informado outro dia que algumas livrarias e editoras estão retirando o material dele de venda. Também não tenho informações se isso é verdade, mas me parece que em alguns locais é verdade. Qual seria a razão de tal ação? Podemos especular, mas alguns acreditam que é o “cancelamento” do Ravi Zacharias.


Bom, como acima expressei não concordo com as possíveis ações pecaminosas que são atribuídas ao escritor, mas me pus a pensar. Será que o pecado dele é pior que os meus? Não, não tenho assediado mulheres ou homens. Sou mais um “semi-ermitão” que alguém popular, mas seria muita hipocrisia de minha parte negar que sou um pecador e que cometo pecados. Sim, tenho minhas lutas com o pecado e eventualmente eu perco (muito mais do que eu deveria). Ao pensar desse modo chego à conclusão de que essa é uma experiência não somente minha, mas também tua, meu caro leitor. Sim, para nossa tristeza, somos pecadores. Como já escreveram antes de mim: “ser um humano é honra e vergonha para todos”.


Em sendo assim como posso achar que o pecado do meu semelhante é mais repugnante que o meu? Ou pensar que as ações dos demais não merecem perdão.


Não vou julgar o irmão Ravi, ele já se encontrou com o SENHOR. O considero meu irmão pela sua constante disposição em servir o Reino e o Rei. Se ele cometeu esse pecado eu não sei, mas sei que seguramente ele cometeu outros e que tais pecados não são piores que os meus. Ele já se encontrou com o nosso Criador e não sei o que Ele decidiu, mas gostaria de encontrar o Ravi lá na Santa Cidade, pois se ele realmente foi salvo pelo SENHOR nada tem força para afastá-lo do Amor que procede do SENHOR. Sim, desaprovo qualquer pecado, mas os que mais desaprovo são os que pratico ou desejo praticar.


Tal qual o apóstolo Paulo eu me reconheço como sendo um pecador miserável e que sem a Graça de meu Senhor JESUS na minha vida eu nada seria.


E você? O que pensa disso?



Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. (I Timóteo 1.15)

Um pensativo amplexo


Victor Hugo Ramallo, pastor


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