top of page

O DESNECESSÁRIO PESO DAS INSTITUIÇÕES



Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: mais importa obedecer a Deus do que aos homens. (Atos 5.29)



É provável que diversas pessoas discordem de mim. Aceito isso de bom grado.


Criou-se um mito de que uma igreja local deva estar obrigatoriamente ligada (submissa) a uma instituição denominacional. Tais instituições surgiram com boas intenções e por anos foram úteis, mas com o passar do tampo passaram a ser um peso e um problema.


Fomos levados a crer que quanto maior for o patrimônio de tal instituição, mais eficaz seria o trabalho desenvolvido. Caímos no conto do gigantismo.


Passamos a crer que precisávamos de enormes prédios de educação religiosa (seminários), grandes estruturas administrativas com todos seus encargos, templos locais com espaço para que milhares de pessoas se sintam confortáveis nas reuniões (que hoje muitos não chamam mais de cultos, mas de celebrações), os eventos devem ser em hotéis e centros de convenções e outras coisas gigantescas e até nababescas.


Isso nos levou a pensar em termos de atrair muitas pessoas para justificar as megaestruturas. Por isso incluímos megashows e eventos divertidos como versões gospel de festas não cristãs tais como as festas juninas, carnaval, festas temáticas e até a festa do dia das bruxas.


Bom, as megaestruturas requerem profissionais para cuidar delas em tempo integral, administração e gestão, manutenção, marketing, seguranças e por aí vai um enorme gasto de tempo, talentos e dinheiro.


Por favor, me entendam. Não sou contra o crescimento das comunidades cristãs. Sou contra o fanatismo pelas megaestruturas. Pessoalmente entendo que 10 igrejas locais com 100 membros, cada uma é mais eficaz para o Reino de DEUS que uma com 1.000 membros.


Chamo isso de “princípio da capilaridade”. Uma igreja pequena pode alcançar de modo mais eficaz sua comunidade, afinal seus membros conhecem seus vizinhos. Uma mega igreja é famosa por seu tamanho, mas muitos que lá frequentam não se conhecem e, com certeza, o pastor local nem sabe da existência dessas pessoas.


Voltando as megaestruturas.


Uma igreja local não depende de uma estrutura denominacional. Ela existe independente das denominações.


Quando me refiro a denominações, não estou tratando de confissões de fé ou perspectivas teológicas. Sou um cristão batista conservador, mas não sou ligado a nenhuma Convenção ou Associação Batista. Por décadas estive ligado a elas e cooperei de diversos modos com elas. Hoje me posiciono como independente.


Não penso que tais estruturas sejam pecaminosas ou que aqueles cristãos ou igrejas locais ainda ligados a ela estejam fora da vontade do SENHOR. Apenas entendo que não preciso da megaestrutura e a vejo como um obstáculo ao efetivo trabalho da igreja local.


Há anos venho defendendo uma necessidade da reformulação do processo de interação entre igrejas locais com uma mesma confissão de fé, entendo que uma Comunhão entre igreja locais sem presidentes, executivos, ordens e juntas é muito mais eficaz e direta.


Hoje, falo como um cristão batista que por 04 décadas esteve ligado a CBB, vejo que a megaestrutura tem tentado “domar” e controlar as igrejas locais. As ordens de pastores que surgiram para ajudar a igreja local e os pastores atuam como sindicatos e querem controlar as igrejas locais. Há, notadamente, um claro interesse financeiro permeando as relações entre as megaestruturas e as igrejas locais (e neste ponto me refiro às diversas confissões, pois há muitos anos ouço os desabafos de muitos cristãos).


Me parece claro que as pessoas que vivem das megaestruturas não planejam permitir que isso seja revisto, que se faça um mea culpa e se dê início a uma nova construção de relação entre as igrejas locais.


Por isso me desvinculei oficialmente de tal megaestrutura. Há anos a questionava, e para mim isso era algo natural, afinal como cristão batista sou um forte defensor do congregacionalismo e de que a igreja local não deve se submeter a estruturas denominacionais. Na verdade, demorei para sair e o fiz por ver que a política e os interesses econômicos falam onde não deveriam ter voz.


Sei que há pessoas sinceras nas megaestruturas ou que sinceramente acham que podem ajudar por meio das megaestruturas, mas isso não vai funcionar. É como na política, envolver-se nela é condenar-se a se sujar ou cair em frustração por não poder fazer reais mudanças que coadunem com a fé cristã.


Bom o texto ficou enorme e não sei se alguém irá ler.


Como escrevi no começo, aceito que não concordem comigo, mas isso não significa que vou aceitar ofensas.


Um fraterno amplexo


Victor Hugo Ramallo

Pastor batista conservador independente

IB Missão Vida

Taboão da Serra - SP

56 visualizações
bottom of page