O esgoto que o ser humano carrega
- Victor Ramallo
- 10 de fev. de 2021
- 3 min de leitura

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; (Romanos 3.23)
Acabei de assistir a biografia do cantor Tim Maia, sim, eu aprecio parte de sua musicalidade. Sua voz, swing, estilo e capacidade musical são realmente admiráveis.
Suponho que alguns podem até se espantar de um cristão apreciar a chamada “música mundana”. Não me preocupo com isso, aprendi a apreciar algumas expressões artísticas e não permitir que elas me influenciem ou determinem meu modo de pensar e agir.
Assisti o filme por uma mera curiosidade e por não ver nada mais de interessante no “catálogo” disponível.
Assisti sem expectativas e sem pretensões, de fato quase nada conhecia da biografia desse notável músico brasileiro e não li nenhuma resenha sobre o filme.
Assisti enquanto fazia outras coisas do computador.
O que começou com uma despretensiosa busca de um entretenimento me levou a pensar sobre a realidade do ser humano.
Sim, infelizmente o filme tem muitos palavrões (algo que não aprovo e não uso). Era só algo para ficar ouvindo enquanto trabalhava, um costume meu é fazer mais de uma coisa simultaneamente.
O filme tem uma ótima interpretação do ator que faz o papel principal (mas admito que não o conheço e não sei seu nome). A narrativa é dinâmica e a trilha sonora é muito boa.
Mas, ao terminar de ver o filme admito que fiquei impactado.
Não com o ator, ou com a trilha sonora ou com as demais interpretações.
Vi a história de um homem com um talento incrível. Dono de uma voz e um ritmo como pouquíssimos no Brasil (só consigo pensar em Wilson Simonal com tamanho swing e capacidade de contagiar o público). Um homem com uma firme determinação em alcançar o sucesso e sair da condição de vida de sua infância e adolescência. Realmente isso é admirável.
A questão é que a motivação exposta no filme (que visa ser uma biografia e uma homenagem ao falecido músico) não é alcançar o sucesso como uma realização pessoal ou como uma forma de ajudar a família ou as pessoas amadas. Fica claro, no filme, que a motivação era a raiva, o ódio e o ressentimento.
Esse homem com tantos talentos naturais e adquiridos saiu de uma condição de miserabilidade econômica, venceu (em alguns aspectos) o preconceito étnico e as dificuldades na estrada para o sucesso musical, mas não conseguiu vencer o mal que habitava nele. O mal que habita em cada um de nós.
Ele foi escravo por boa parte de sua vida adulta dos vícios, tanto os químicos como os morais. Essa escravidão o destruiu. Esse homem com talentos incríveis alcançou fama, fortuna e prazeres. Nada disso trouxe a ele paz ou felicidade.
Morreu. As pessoas até hoje apreciam sua arte. Mas ele não foi feliz, não teve paz, não encontrou o amor. Ao ver a biografia em sua homenagem o que vi foi um ser humano que desceu ao esgoto (drogas, crimes, prisões, falsas soluções espirituais, extrema pobreza etc.) e lutou com todas as forças para sair do esgoto, mas carregou esse esgoto por toda sua vida. Triste.
Mas, não somos nós muitas vezes assim?
Não é essa a experiência humana?
Será que somos mais corretos que o músico?
Não.
Todos nós, naturalmente, tendemos a carregar em nós, e não somente conosco, os “esgotos” por onde passamos. Nossa natureza é pecaminosa e agrega a si os lodaçais de pecado por onde tenhamos caminhado.
É a nossa triste realidade quando não pertencemos ao Senhor JESUS.
Nosso pecado nos domina e somos escravos das trevas. Somente quando nos submetemos ao Senhor JESUS é que somos libertos disso e recebemos tanto o perdão de nossos pecados quanto nossa nova natureza. É Ele que nos purifica de todo pecado.
Acho, e somente acho, que Tim Maia desejou isso e buscou, de modo equivocado, por toda sua vida. Não achou. Não sei se alguém tentou ensinar o Evangelho para ele. Isso me faz pensar: Estou ensinando o Evangelho a todos que posso?
Quantas pessoas presas a seus esgotos pessoais tem cruzado o meu caminho? Terei esquecido que por anos eu também estava preso ao meu e somente pela Graça do Senhor JESUS pude ser liberto?
Devo orar para que o SENHOR sempre me faça lembrar meu compromisso em servi-lO e que eu ame isso. Devo buscar servir meu SENHOR levando outras pessoas a aprenderem Seu Evangelho, que Ele as ama e que a resposta a esse amor e amá-lO também. Somente esse amor pode nos livrar dos nossos esgotos, que a Bíblia chama pelo nome correto: pecado.
Pensemos nisso.
Um fraterno amplexo
Victor Hugo Ramallo
O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; (Colossenses 1.13)
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