top of page

Quais princípios?


ree


Decidi ler um livro que estava “parado” aqui em minha biblioteca. O comprei há alguns anos em um evento denominacional que tratava de um “novo projeto” visando ajudar ou orientar as igrejas locais no processo de crescimento eclesiástico e ensino local. Ouvi as palestras e admito que, desconfiado como sou, fiquei, como dizem com “um pé atrás”.


Tal obra que comecei a ler havia sido recomendada pelos palestrantes naquele evento e a comprei, junto com mais três outros títulos dentro da mesma perspectiva, achei que deveria tentar conhecer mais sobre tal projeto / perspectiva, mas as minhas outras atividades e outros livros chamaram mais a minha atenção e ele foi sendo esquecido e acabou relegado a famosa “pilha das obras esquecidas”. Acho que todos, ou quase todos, os pastores tem uma pilha assim em seus escritórios.

Bom, os anos passaram e esta semana meus olhos viram a lombada desse livro e decidi, ainda que tardiamente, começar a leitura do mesmo.


Ao iniciar a leitura me deparo com uma interessante transcrição de uma outra obra.


“A igreja é o povo peregrino de Deus. Ela está em movimento, correndo para os cantos da terra para implorar que todos os homens se reconciliem com Deus, correndo para o final dos tempos para encontrar o seu Senhor que reunirá a todos ...”


O autor do livro que tenho em minhas mãos informa que ele retirou essa citação de Lesslie Newbigin do livro “A mensagem do livro de Atos” do teólogo anglicano John Stott. Como tenho tal obra (a de Stott) fui tentar entender o contexto de tal frase. No livro de Stott não identifiquei o mesmo problema da frase de Newbigin, mas não podemos esquecer que o grande teólogo inglês e anglicano possuía uma tendência para o universalismo (1).


Fui pesquisar também sobre Lesslie Newbigin e descobri que ele foi ordenado na Igreja da Escócia (presbiterianos) mas, depois de alguns anos servindo na Índia como missionário ele se uniu aos anglicanos e aderiu ao ecumenismo (2).


Essas constatações biográficas são sumamente importantes, pois elas nos permitem entender melhor o que esses homens acreditavam e assim compreender o que eles escreveram.


Como alguém que se declara cristão pode afirmar que a Igreja, o Corpo de CRISTO, avança pela História implorando que as pessoas reconsiderem seu relacionamento com o Senhor JESUS? Implorando!!!


Como alguém, que deseja motivar aos cristãos que eles voltem aos princípios da fé cristã, usa uma frase como essa para dar início a seu tratado sobre tal tema?


A Igreja não está oferecendo o Senhor JESUS e a salvação que só nEle podemos ter como se fosse um produto em promoção por não ter aceitação pelos potenciais consumidores. Vejam a pregação do apóstolo Pedro no Dia de Pentecostes, não há apelos emocionais ou chorosos, Pedro não implora aos ouvintes que “aceitem Jesus”, ele apresenta a verdade. Qual? Que os homens crucificaram o Messias (Atos 2.36) e com essa afirmação ele encerra sua mensagem, em seguida são os ouvintes que perguntam, com grande ansiedade, o que deveriam fazer para serem salvos (Atos 2.37).


Fica claro que aquele que implora não é parte da Igreja. São os homens que ouvem o Evangelho e querem ser aceitos pelo Senhor JESUS os que imploram para serem aceitos.


Ensinar ou crer que a Igreja implora aos homens incrédulos para que se rendam o Senhor JESUS é heresia, e o é por negar o senhorio e a soberania de CRISTO.


No parágrafo seguinte o autor do livro que me propus a ler escreve o seguinte:


“O que fazer quando um amigo precioso que amamos vai embora? Como reagir quando esse amigo, além de boas lembranças da sua convivência, nos deixa uma missão?”


Tal frase transparece uma certa piedade, um certo sentimento de devoção. Afinal, um amigo foi embora e ele nos deixou uma missão!


Essa frase expressa de modo correto o ensino bíblico?


Sim, o Senhor JESUS chamou de “amigos” os discípulos (João 15.13 a 17), mas desde que O obedecessem. Um ponto que deve ser lembrado é que os apóstolos não se referem ao Senhor JESUS como “amigo” mas sempre como Deus e Senhor, eles sabiam o que Ele haviam dito, mas nunca se excederam numa falsa intimidade. Ele, o senhor JESUS, nos trata como amigos, mas nós sabemos que Ele é o Senhor.


Outra coisa é que Ele não nos deixou tão somente uma missão, Ele nos deu ordens! Fazer missões não é uma simples incumbência repassada por um amigo. É a ordem dada por Aquele que venceu a morte e tem todo o poder em Suas mãos. Uma ordem que nos deu o Senhor JESUS e devemos obedecer tal ordem.


A quais princípios o autor deseja retornar?


Que princípios ele quer ensinar?


Algum princípio pode diminuir a soberania do Senhor JESUS? Ou transformar a Igreja num grupo de pessoas que imploram que os demais se rendam a DEUS?


Não pretendo julgar o autor, mas é necessário analisar o que nos é apresentado e expor o que é ensinado e não coaduna com a verdade bíblica.


Qual livro eu estive lendo?


Seu título é “De volta aos princípios” publicado e distribuído pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira.


Que o SENHOR nos abençoe com sabedoria.


Um fraterno amplexo!


um pastor batista conservador



Notas

1 – Para maiores detalhes sugiro que leiam este artigo: http://www.feemcontexto.com/2012/05/o-combate-bretao-que-johstott-venceu.html

2 - https://cristianismoeantiguidade.weebly.com/principal/quem-foi-lesslie-newbigin-por-que-ele-e-fundamental

Comentários


Sites que recomendamos (e o fazemos por amizade e não por dinheiro)

© 2014 by "Victor Hugo Ramallo". Proudly created with Wix.com

bottom of page