Um ato de amor
- Victor Ramallo
- 14 de dez. de 2020
- 3 min de leitura

Não sou de escrever sobre o Natal. Na verdade desde minha adolescência deixei de me interessar em participar de festas. As frequento, mas admito prefiro me refugiar na segurança de meu escritório que também é meu quarto, meu estúdio e minha biblioteca.
Tenho extrema dificuldade em me permitir expor um pouco além do que convém a um líder.
Tolice? Talvez. Presunção? Acho que já foi. Um misto de medo e instinto de preservação? Com certeza.
Mas neste Natal por algumas coisas fui levado a repensar nessa festa, não no sentido teológico ou espiritual/religioso.
Me pus a olhar para ele no sentido familiar e pessoal. Como me relaciono com as pessoas que sei que amo?
Como vocês sabem sou filho de estrangeiros e moro apenas com meu filho e uma pequena vira-lata que beira entre dengosa e geniosa.
Lembrei que desde comecei a ganhar meu dinheiro não deixei que houvesse um único Natal sem que eu presenteasse minha família com algo, mesmo que fosse muito simples.
Há uns 13 anos, pelo menos, meu filho e eu costumamos a sair e fazer juntos compras de Natal.
Porque?
Como somos poucos da minha família no Brasil (da minha infância até que me tornei pai éramos apenas meus pai, meu irmão, minhas duas irmãs e eu e hoje tem minhas sobrinhas e cunhada) e por essa razão minha mãe ia comprando presente o ano inteiro para nós e no Natal nos entregava. Era para compensar a ausência de avós, tios e primos, como ela dizia.
Eu aprendi isso. Minha mãe me ensinou a amar.
Mas, os presentes deixaram de ser meramente presentes. Passou a ser uma forma de mostrarmos uns aos outros que apesar de sermos poucos havia amor entre nós.
Então, ainda adolescente conheci o Amor, sim Ele, o Senhor JESUS.
Eu sei Ele não nasceu nesta época do ano e sei que muito do paganismo se infiltrou na celebração natalina (minha família evita toda essa infiltração).
O presentear é, para mim, um ato de amor. Afinal não sou bom com palavras para expressar sentimentos, prefiro questões de lógica ou acadêmicas. Sou péssimo com sentimentos.
A simples possibilidade de pensar em não poder presentear quem eu amo me entristece profundamente. Mas ao presentear quem eu amo, isso me alegra e me leva a pensar que tudo está dentro do equilíbrio (algo que aprecio e dedico boa parte das minhas forças para me manter dentro).
Amar.
Minha forma de mostrar que amo.
Costumo a arranjar desculpas para dar presentes.
Mas no Natal não preciso de desculpas. Isso é muito bom!
O presentear é mostrar que o Amor me alcançou. Que o Amor em pessoa, meu Senhor JESUS, me amou, ama e amará.
É o amor dEle que me leva a amá-lO e é esse amor que me alcança e me faz amar. E como o amor é maior que qualquer pessoa no Natal é uma boa época para externar tudo isso.
O presente em si não é importante.
As comidas são deliciosas. Cordeiro é uma carne que aprecio muito, mas a comida não é importante.
O importante e verdadeiro é que DEUS mostrou Seu amor por mim quando o Senhor JESUS veio, viveu, padeceu, morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus.
O amor será completo quando Ele vier me buscar.
O meu presentear é como um me lembrar que eu amo as pessoas, mesmo sendo um cara fechado e perdido entre livros e textos. Um homenzinho de óculos, com "cara de poucos amigos" escondido atrás de uma muralha de livros e lógica, mas que ainda assim recebeu o Amor e mesmo não sabendo expressar corretamente esse amor ao seu semelhante lembra que ao celebrar o "menino que nos nasceu" deve amar as pessoas.
E com isso renasce em minha mente a convicção que se até eu posso aprender a amar, então todos podem aprender também, pois isso não depende de mim. Foi obra Graciosa do SENHOR. E se Ele pôde fazer isso mim, então nos demais pode também.
Sei que é um texto estranho, mas foi escrito "de coração".
Um feliz amplexo natalino a todos vocês
Victor Hugo Ramallo, pastor
IB Missão Vida
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